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Curiosidade e Desenvolvimento Profissional

César Tureta • jun. 06, 2023

A curiosidade é a necessidade de descoberta do novo, de entender como as coisas funcionam. Ela é uma característica central em pessoas criativas.


Grandes descobertas científicas e invenções tecnológicas partiram da curiosidade. Os principais gênios criativos da história da humanidade eram sedentos por conhecer o novo e buscar explicações para aquilo que eles não compreendiam.


Leonardo da Vinci, por exemplo, era um mestre em fazer perguntas não só para os outros, mas para si próprio também. Em uma viagem à Milão em 1495, ele elaborou uma lista de vários itens que gostaria de pesquisar e entender: calcular a medida de Milão, encontrar um livro que descrevia as igrejas da cidade, examinar uma balestra e saber a medida do sol.


Benefícios da curiosidade


Mas quais seriam os benefícios da curiosidade para os profissionais em geral? A curiosidade:


1- Amplia experiências. Ela ajuda os profissionais a criarem um repertório diversificado com conhecimento, informações, conceitos, técnicas e ferramentas de várias áreas diferentes. Isso aumenta a possibilidade de se fazer associações originais entre ideias distintas para resolução de problemas no trabalho, na escola e no cotidiano. Por isso, coloque a arte na sua vida. Teatro, música, escrita criativa, dança, pintura, dentre outras formas de expressão artística são essenciais para criação de repertório variado.


2- Reduz o viés de confirmação. O viés de confirmação é a busca constante por informações que confirmem as nossas crenças, ideias e tudo aquilo que nós já acreditamos ser o correto. Pessoas curiosas fazem exatamente o contrário. Elas buscam informações que contestem suas ideias e crenças pré-concebidas. Isso faz com que elas consigam rever os seus pontos de vista, caso estejam erradas ou terem mais subsídios e dados para fortalecerem as suas posições, caso estejam certas. Dessa forma, elas conseguem tomar melhores decisões na sua vida profissional. Da próxima vez que quiser apresentar alguma ideia, busque informações que mostrem o lado negativo dessa ideia e não só o positivo.


3- Diminui os conflitos. Em situações de conflito ou divergência de pensamento, pessoas curiosas tendem a se colocar no lugar dos outros e a se interessam pelas ideias deles, mesmo divergindo inicialmente. Elas não focam apenas nas suas próprias crenças ou modo de realizar uma tarefa. Por consequência, as chances de se chegar a um denominador comum aumentam significativamente. Quando discordar de alguém, se esforce para “calçar os sapatos” daquela pessoa e se coloque no lugar dela.


4- Melhora a comunicação. Como as pessoas curiosas se interessam mais pelos outros e buscam conhecer mais o que os outros pensam, elas estão mais dispostas a se abrirem para o diálogo. Elas fazem isso, especialmente, com aquelas pessoas que elas não conhecem ou conhecem muito pouco. A abertura para uma comunicação saudável potencializa o aprendizado e torna a relação mais amistosa. Toda vez que ocorrer um ruído de comunicação com alguém na sua organização, sente para conversar com essa pessoa e ouça atentamente o que ela tem a dizer.

Barreiras a curiosidade


O que impede ou dificulta a manifestação da curiosidade no ambiente de trabalho?


1- Mentalidade inadequada dos gestores. No ambiente de trabalho, a curiosidade pode levar as pessoas a questionarem o status quo e os padrões de como as coisas funcionam, na medida em que elas descobrem formas alternativas de realizar uma tarefa. Gestores com uma mentalidade fechada para o novo podem, então, barrar iniciativas inovadoras, limitando o espírito curioso dos funcionários.


2- Busca por eficiência. A curiosidade demanda tempo para a exploração de novos conhecimentos, experimentação de novas rotinas de trabalho e pesquisa para levantamento de informações sobre novos processos. Porém, a busca desenfreada por eficiência no trabalho pode acarretar restrições nas iniciativas que tem um caráter exploratório baseado na curiosidade.


3- Pressão por resultados. O foco demasiado em resultados imediatos leva os funcionários a fazerem melhor aquilo que já é feito na empresa, ao invés de desenvolverem iniciativas originais. Normalmente, quando uma pessoa começa um emprego novo, ela costuma ser bastante curiosa e oferece novas ideias. Com o tempo, a pressão por resultados imediatos faz com que ela seja sugada pelas demandas do dia a dia e se concentre naquilo que era para ontem. Então, ela deixa a curiosidade de lado.


Como desenvolver a curiosidade?


Uma das formas de desenvolver a nossa curiosidade é fazer boas perguntas. Boas perguntas tendem a levar as pessoas a encontrarem boas respostas. Três tipos de perguntas são indicadas. Elas devem envolver:


1- Por quê? Essas são as perguntas mais frequentes que as crianças fazem. Crianças são curiosas e nessa fase de descobertas não têm medo de questionar aquilo que não conhecem. Esse tipo de pergunta contribui com o início do entendimento sobre um determinado assunto. Por exemplo, por que o céu é azul?


2- E se? Ed Catmull, ex-presidente da Pixar e da Disney Animation diz que ideias criativas costumam ser ruins no início, mas após uma fase de desenvolvimento, elas podem se transformar em algo original. Por isso, ao invés de rejeitar uma ideia logo de cara, devemos usá-la como ponto de partida para elaborá-la melhor, perguntando “e se pensarmos por um ângulo diferente?” ou “e se seguíssemos por este caminho?”.


3- Como a gente poderia? Esse tipo de pergunta, muito usada pelos integrantes da empresa de consultoria em inovação IDEO, estimula as pessoas a focarem na solução e não no problema. Muitas vezes, as reuniões nas organizações são longas porque as pessoas se concentram no problema e não direcionam os esforços para a busca de uma solução. Começar com “como a gente poderia?” estimula o pensamento prático e facilita a objetividade das discussões.


Referências

 

Gina, F. (2018). The Business Case for Curiosity. Harvard Business Review, September–October Issue.

 

Wrigth, C. (2021)Os hábitos secretos dos gênios: aprenda a identificar e lapidar suas habilidades como Einstein, Isaac Newton, Virginia Woolf, Walt Disney e muitos outros. São Paulo: Universo dos Livros.Parágrafo Novo

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